A COP-30 é um marco que reforça a urgência de se repensar a relação com o planeta. A afirmação da professora Giovana Galvão Tavares, coordenadora do Núcleo de Educação Ambiental da Universidade Evangélica de Goiás (UniEVANGÉLICA), sintetiza o espírito que toma conta de Belém do Pará durante a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP-30). Para ela, a escolha da Amazônia como sede da conferência não é apenas simbólica, mas estratégica: “Estamos falando da maior floresta tropical do mundo, essencial para a regulação climática global. Discutir o futuro do clima aqui significa colocar a ciência, a biodiversidade e as populações tradicionais no centro da agenda internacional.”
A COP-30 reúne representantes de países signatários da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, criada após a Rio-92, que deu origem também às convenções sobre biodiversidade (CDB) e combate à desertificação (UNCCD). Desde então, as Conferências das Partes se consolidaram como o principal fórum mundial para acordos sobre redução de emissões, adaptação climática e financiamento de políticas ambientais.
Neste ano, o encontro ganha destaque ainda maior por marcar os dez anos do Acordo de Paris — tratado que estabeleceu a meta global de limitar o aquecimento da Terra a menos de 2°C, com esforços para mantê-lo em 1,5°C acima dos níveis pré-industriais. Apesar dos avanços diplomáticos, a professora Giovana alerta que o cenário atual exige mais urgência e cooperação. “A temperatura média global já aumentou cerca de 1,5°C. Isso não é apenas um número: significa eventos extremos mais frequentes, ameaças à segurança alimentar, impactos diretos na saúde humana e perda de biodiversidade.”
O papel da educação ambiental diante da crise climática
À frente do Núcleo de Educação Ambiental da UniEVANGÉLICA, Giovana coordena projetos que aproximam universidade e sociedade em debates sobre sustentabilidade, conservação e cidadania ambiental. O núcleo desenvolve programas de extensão, campanhas educativas, oficinas e eventos que atendem tanto a comunidade interna quanto escolas, professores, pesquisadores e moradores de Anápolis e municípios vizinhos.
Para ela, a COP-30 reforça a importância de iniciativas locais na construção de soluções globais. “Nenhum acordo internacional será efetivo sem conscientização e participação social. A educação ambiental precisa ser contínua e crítica, para que a população compreenda os impactos da crise climática e se sinta parte da transformação.”
A COP-30 é a chance de consolidar um modelo de desenvolvimento que una inovação, conservação e justiça social, afirma a Profª. Giovana Tavares
Debates centrais da COP-30
Em Belém, as negociações se concentram em temas considerados cruciais pelos especialistas:
Segundo Giovana, o Brasil chega à conferência com condições de exercer liderança. “Temos credibilidade internacional, vasto patrimônio natural e uma das sociedades civis mais engajadas da América Latina. A COP-30 é a chance de consolidar um modelo de desenvolvimento que una inovação, conservação e justiça social.”
Amazônia: epicentro de desafios e soluções
A realização da conferência em Belém coloca a Amazônia no centro das atenções — não apenas por ser um dos biomas mais ameaçados, mas também por representar uma das maiores oportunidades de regeneração ambiental do planeta. O encontro discute, por exemplo, a criação do Fundo Floresta Tropical para Sempre, que busca remunerar países pela manutenção de florestas em pé, e metas para triplicar a produção global de energia renovável.
Para a professora Giovana, o mundo observa a Amazônia como protagonista. “A região tem potencial para liderar uma economia baseada em bioinovação, produtos sustentáveis e conhecimento tradicional. A COP-30 mostra que a floresta não é obstáculo, mas caminho. Sem a Amazônia, não há futuro climático possível.”
A docente destaca que o principal desafio da COP-30 é transformar compromissos em ações. “O sucesso da conferência será medido daqui a alguns anos, quando pudermos avaliar se as decisões tomadas hoje realmente mudaram a trajetória do clima global. A humanidade está diante de uma encruzilhada, e a educação é uma das ferramentas mais potentes para garantir que façamos a escolha certa.”
Assim, entre negociações diplomáticas, debates científicos e grandes expectativas, Belém se torna palco de uma das edições mais decisivas da história das conferências climáticas — e a Amazônia se firma, mais uma vez, como guardiã e esperança para o planeta.
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