27/11/2025
Campus Anápolis

A Biblioteca Central da Universidade Evangélica de Goiás (UniEVANGÉLICA) recebeu nesta quarta-feira, 26 de novembro, a Roda de Leitura intitulada “Autores Negros: vozes que transformam”, ação promovida pelo Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros (NEAB) em homenagem ao Novembro Negro e à Semana da Consciência Negra. O encontro marcou a apresentação das novas aquisições do acervo, compostas por obras que valorizam vivências, memórias e perspectivas de pessoas pretas.

Durante a roda, o professor Roberto Alves Pereira, docente da UniEVANGÉLICA, diretor do NEAB e autor do livro Raça e Graça, destacou a importância das iniciativas alusivas ao mês. “Estamos aqui com alegria, encerrando um momento de partilha com a comunidade acadêmica”, afirmou. Ele explicou que o projeto de sua obra começou no audiovisual e que o plano inicial era transformá-la em documentário. A mudança de formato, segundo ele, ocorreu após sugestão de uma jornalista, sua colega de trabalho à época. “A ideia ganhou novos contornos quando percebi que o livro poderia ampliar o diálogo e atravessar mais espaços”, disse o autor.

Entre os livros compartilhados com o público além de Raça e Graça, Ponciá Vicêncio, de Conceição Evaristo, despontou como um romance de forte enraizamento social, conduzindo a história de uma mulher que carrega as marcas da escravidão e, ao mesmo tempo, busca reconstruir sua identidade a partir da ancestralidade. A obra é reconhecida pela escrita poética e pela denúncia do racismo estrutural, ao mesmo tempo em que ilumina memórias historicamente silenciadas.

No título As alegrias da maternidade, a nigeriana Buchi Emecheta constrói a narrativa de Nnu Ego, personagem que transita entre pressões culturais e expectativas impostas à maternidade, expondo as renúncias, desigualdades e potências do ser mãe em contextos marcados pelo patriarcado e por desafios sociais. Já Eu sei por que o pássaro canta na gaiola, da norte-americana Maya Angelou, entrelaça dor e superação em um relato autobiográfico que atravessa traumas e racismo para alcançar a escrita como ferramenta de resistência e libertação.

A leitura de trechos do livro Quarto de despejo: diário de uma favelada, de Carolina Maria de Jesus, apresentou ao público a força documental dos diários da autora, que narrou a fome, a invisibilidade e as urgências do cotidiano na favela do Canindé, em São Paulo, compondo um retrato cru e essencial de um Brasil desigual.

O professor Roberto também celebrou o alcance da iniciativa e a integração entre os diferentes campi da universidade. “Essa partilha não se limita a Anápolis, ela se espalha”, comentou, lembrando que outras unidades da universidade também realizam atividades em celebração ao mês da consciência negra.

Ao conectar literatura, pesquisa e presença institucional, o evento consolidou a biblioteca como espaço de diálogo e construção coletiva de narrativas múltiplas, valorizando autoras e autores negros como pilares de transformação cultural e social.

Lista atualizada de livros disponibilizados

  • Raça e Graça, por Roberto Alves Pereira
  • Ponciá Vicêncio, por Conceição Evaristo
  • As alegrias da maternidade, por Buchi Emechela
  • Eu sei por que o pássaro canta na gaiola, por Maya Angelou
  • Quarto de despejo: diário de uma favelada, por Carolina Maria de Jesus