27/02/2023
Campus Anápolis

O conflito na Ucrânia, que já dura mais de um ano desde que a Rússia invadiu aquele país, impacta o mundo em diversos aspectos, desde as oscilações nos preços de produtos até mudanças nas relações entre países. Neste domingo (26), a professora Mariana Maranhão, coordenadora do Curso de Relações Internacionais da Universidade Evangélica de Goiás - UniEVANGÉLICA, falou sobre o assunto, em entrevista ao programa Fast News, da rede nacional Jovem Pan News.

"Infelizmente, nós não estamos conseguindo mensurar até quando vai essa guerra... quando tudo começou, pensou que seria uma guerra rápida, uma guerra, como se diz, com pouca duração. Mas foram passando os meses e chegamos a um ano. No último dia 24, completou-se um ano dessa guerra. E não estamos vislumbrando possibilidade de fim", declarou Mariana Maranhão.

Ela explicou que o Governo Federal Brasileiro avalia a possibilidade de participação do Brasil nas negociações de paz entre a Rússia e Ucrânia. "O Brasil está tentando tomar essa frente nessa negociação de paz, porque não sabemos até quando irá essa guerra", evidenciou a coordenadora do Curso de Relações Internacionais da UniEVANGÉLICA.

A Rússia sofreu diversas sanções após a invasão à Ucrânia, como a retirada de empresas multinacionais do país. "Nessa questão dos bloqueios econômicos, observamos um fato muito curioso, porque foram bloqueios econômicos especialmente vindos do Ocidente, das multinacionais ocidentais. E isso não aconteceu da mesma forma de outros parceiros da Rússia. Por isso que nós não vimos surtir tantos efeitos, porque China e Índia continuaram a negociar com a Rússia, continuaram a fazer compras e, ao contrário, conseguiram até negociar preços mais baixos, justamente porque não tinham concorrência", detalhou Mariana Maranhão.

Em sua avaliação, muitos desses bloqueios econômicos tiveram efeito contrário. Ela indicou que em alguns momentos a Rússia acabou privilegiada pelas sanções. Além disso, a Guerra na Ucrânia criou problemas mundiais, como aumento da inflação. "Os bloqueios econômicos só surtiriam efeitos se tivessem sido feitos de uma escala global, mas não foi assim que aconteceu, porque a Rússia tem parceiros, a Rússia, mais ou menos, calculou essa guerra, de como ela poderia se comportar diante disso", adicionou Maranhão.

Ao completar um ano, dois lados da guerra chamam a atenção. Enquanto Vladimir Putin, presidente russo, responsabiliza os Estados Unidos pelo conflito, os EUA ofereceram $ 500 bilhões às tropas ucranianas. Mariana falou sobre a ida recente do presidente Joe Biden à Kiev, na Ucrânia: "essa visita recente do Biden à Kiev, na Ucrânia, não foi vista com bons olhos pela Rússia. Vladimir Putin, inclusive, neste domingo... manifestou que, na verdade, a OTAN está participando sim da guerra. Não está participando diretamente, mas indiretamente, porque eles estão enviando bilhões de dólares em armas à Ucrânia".

Ela afirmou ainda que, sem essa ajuda a Ucrânia já teria perdido a guerra. "É uma situação muito delicada. Eles falam que a força de Kiev vem justamente pela participação que os Estados Unidos e toda a OTAN está dando à Ucrânia. Então, o presidente russo está considerando que os Estados Unidos está fortalecendo a Ucrânia e quer justamente separar a ex-União Soviética e a Rússia perdeu controle aos seus países irmãos", explicou também a coordenadora do Curso de Relações Internacionais, Mariana Maranhão.

Um ano após o início da guerra, a avaliação da professora Mariana é que são "dias assustadores". Alguns estudiosos comparam o conflito entre Rússia e Ucrânia com a Guerra Fria, conflito político-ideológico que foi travado entre Estados Unidos (EUA) e União Soviética (URSS), entre 1947 e 1991. "Estamos vendo uma guerra não ter fim, não temos data para acabar e também estamos vendo vislumbres de negociações de paz. Isso é muito preocupante. Alguns estudiosos de Relações Internacionais vão falar que isso está muito semelhante não só ao período da Guerra Fria, mas o período entre guerras, antes da Segunda Guerra Mundial, que seria uma ideia de um silêncio e uma inação do mundo... e, de certa forma, o ativismo dos maus está crescendo".

Ela sugere que o momento não é de "pânico", mas um tempo delicado para a geopolítica internacional. Mariana Maranhão falou ainda sobre a mudança de posicionamento do Brasil, que se mantinha neutro na guerra e agora alterou a sua orientação diplomática, defendendo a retirada das tropas russas da Ucrânia. Isso se deve, conforme menciona, devido às consequências "terríveis" do conflito. "Temos que caminhar, sim, para uma possível paz entre esses países", conclui.