01.11.2017
Serão necessários mais 500 anos para que as futuras gerações tenham a noção da importância da celebração realizada nesta terça-feira, 31 de outubro. No Ginásio Poliesportivo do Centro Universitário de Anápolis - UniEVANGÉLICA, o público externo, autoridades e a comunidade acadêmica das instituições mantidas pela Associação Educativa Acadêmica se acomodaram para assistir a uma das maiores celebrações que a UniEVANGÉLICA já teve em toda a sua história.
Os momentos que antecederam a comemoração dos 500 anos da Reforma Protestante e dos 70 anos da Associação Educativa Evangélica criaram o ambiente para uma cerimônia que ficará para sempre marcada nos corações de pessoas das mais diversas denominações cristãs, que juntas relembraram a história de homens e mulheres que transformaram a vida da igreja protestante no mundo inteiro.
Já na inauguração da nova biblioteca da UniEVANGÉLICA, às 18 horas, o público conheceu uma nova estrutura, melhor equipada, com 100 mil títulos, acessível e com diversos ambientes de estudo. Uma área agora é dedicada à literatura indígena e para a exposição de imagens históricas da Associação Educativa Evangélica. Presentes na inauguração, o Reitor do Centro Universitário de Anápolis, Carlos Hassel Mendes, e o Presidente da Associação Educativa Evangélica, Ernei de Oliveira Pina, exaltaram mais esta conquista institucional, que irá contribuir com o aprendizado dos estudantes.
Pró-reitores, professores, coordenadores, autoridades de Anápolis, cidades circunvizinhas e de todo o Estado de Goiás, representantes de diversas organizações e o público externo expressaram sua admiração pela conclusão das obras na Biblioteca. Mas o grande momento da noite ainda estava por vir e todos aguardavam ansiosamente pela apresentação do Coral de 500 vozes durante o 29º Com VocAÇÃO, que trouxe ainda uma palavra do Reverendo Paulo Borges Júnior (Missão Sal da Terra).
Assim que o público lotou o Ginásio Poliesportivo, o grande momento chegou e o coral, formado por membros da comunidade e por colaboradores da UniEVANGÉLICA, iniciou uma apresentação belíssima, com as presenças do Governador Marconi Perillo e do Prefeito de Anápolis, Roberto Naves. A Orquestra do Projeto Criar e Tocar, a Orquestra Jovem de Goiás, Orquestra Jovem de Goiânia e o Coral de Crianças do Colégio Couto Magalhães tiveram uma participação especial durante o evento.
Prefeitos, vereadores, secretários, pastores, a comunidade acadêmica das mantidas da Associação Educativa Evangélica, representantes de várias organizações e o público externo, vindos de diversas partes do estado, deram brilho a esta grande celebração. Capelão institucional, Heliel Carvalho ressaltou a importância deste momento, em que todo o mundo parou para homenagear os personagens históricos que levaram adiante a Reforma Protestante, momento que influenciou as artes, a economia, a política, o direito e demais áreas do conhecimento, influência que se faz notar até os dias de hoje.
Palavra
O Reverendo Paulo Borges Júnior, da Missão Sal da Terra, levou uma palavra aos presentes, onde destacou o papel da fé: "os processos pedagógicos de Deus não são para simplesmente aprimorar nossas competências, mas para desenvolver nossa consciência".
"Há muitos que para desenvolverem a sua fé ignoram a ciência, e há muitos que, para se dedicarem à ciência, dizem que não podem desenvolver fé ou não podem se relacionar com a fé", acrescentou. Conforme afirmou, "o propósito de Deus não é nos dar experiência de poder em que nós podemos aprimorar ao máximo nossa competência e com isso sermos reconhecidos por Ele e recebermos de Deus a remuneração à altura do nosso serviço prestado. Isso é cobiça, isso é ganância, isso é mero comércio."
"Esse país não sofre hoje uma crise de competência. Nosso país não está vivendo uma crise de liderança porque nossas lideranças são incompetentes, ou porque não tiveram escola, ou porque não tem diplomas ou habilidades. Boa parte das nossas lideranças tem mais de um diploma. São muito competentes e inteligentes. Nosso país sofre hoje a falta de uma consciência, e não a falta de algumas competências. E o grande problema da nossa nação é que talvez as pessoas mais competentes nesse país começaram a colocar preço na sua competência. E numa crise de carência e reconhecimento, esse preço se tornou uma coisa imensurável, um apetite que não se esgota. Vivemos o dano de uma nação colocada à venda, onde o comércio é o que interessa, o reconhecimento, as barganhas de um poder."
Cinco solas
No centro da Reforma Protestante do Século XVI estiveram pontos históricos considerados como os fundamentos das transformações que ocorreram naquele período:
1. Soli Deo Gloria (Glória Somente a Deus) – Este é um dos pilares da Reforma Protestante, afirmando que o homem foi criado para a glória de Deus. Fomos criados para dar glória a Deus em tudo que fazemos e destinados à glória de Deus. O plano de eterno de salvação dos homens já contemplava a glória de Deus (Ef 1.4-6). Soli Deo Gloria é o princípio pelo qual toda glória é dada a Deus no processo de salvação, mas também que, durante nossa vida neste mundo, nenhum ser humano é digno de glória. A vida do cristão é vivida diante de Deus e sob sua autoridade. Isso é para a glória de Deus. “A ele seja a glória eternamente! Amém”. Romanos 11.36;
2. Sola Fide (Somente a Fé) – A salvação é um presente que Deus nos dá e isso se efetiva somente por meio da fé, jamais pelas obras humanas. Lutero compreendeu que não eram as penitências, sacrifícios ou compra de indulgências que podiam livrar o homem da condenação eterna, mas a graça de Deus, através da fé (Ef 2.8). Após meditar no texto de Rm 1.17, que diz: “O justo viverá da fé”, Martinho Lutero percebeu que a justiça de Deus nessa passagem, é a justiça que o homem piedoso recebe de Deus, pela fé, e não uma conquista humana;
3. Sola Gratia (Somente a Graça) - O Salmista Davi numa oração de profunda busca por Deus, declara: Porque a tua graça é melhor que a vida; os meus lábios te louvam (Sl 63.3). Sim, a graça de Deus é a única ponte que cruza o abismo entre a depravação total do ser humano e a casa do Pai, onde Jesus foi preparar-nos lugar. Ninguém pode ser salvo por mérito próprio, por obras, penitências, sacrifícios ou compra de indulgências. Somente pela fé o ser humano pode ser salvo. E até mesmo a fé, que habilita o ser humano a receber o dom da graça, é dado por Deus (Ef 2.8). Nenhuma obra, por mais justa e santa que possa parecer, poderá dar ao homem livre acesso a salvação e ao reino dos céus. Isso somente ocorrerá pela graça de Deus. "Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isso não vem de vós; é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se gloria". Ef 2.8 e 9;
4. Solus Christus (Somente Cristo) - Sobre este tema, a Declaração de Cambridge diz: Reafirmamos que nossa salvação é realizada unicamente pela obra mediatória do Cristo histórico. Sua vida sem pecado e sua expiação por si só são suficientes para nossa justificação e reconciliação com o Pai. O homem nada poderá fazer para sua salvação, pois Jesus Cristo realizou a obra da redenção ao ser sacrificado na cruz do calvário, vertendo o seu sangue como sacrifício por nossos pecados. "E não há salvação em nenhum outro: porque abaixo do céu não existe nenhum outro nome, dentre os homens, pelo qual importa que sejamos salvos" At 4.12;
5. Sola Scriptura (Somente as Escrituras) - Nós, os cristãos reformados, cremos que as Escrituras Sagradas são a única regra de fé e de prática. É isso que lemos em 2 Tm 3.16-17: "Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra". Entendemos que as tradições, as bulas, as decisões dos concílios e os escritos papais não possuem autoridade e não podem servir de instrumento de fé e prática para o rebanho de Cristo. Somente as Escrituras Sagradas estão habilitadas para isso. Elas foram escritas por homens inspirados por Deus, são instrumentos de revelação da vontade de Deus para nossa vida. Ao lê-la somos iluminados pelo Espírito Santo para entendê-la. “Não são as experiências que julgam a Bíblia, mas a Bíblia que julga as experiências. A igreja não está acima da Palavra, mas é governada por ela” (Rev. Hernandes Dias Lopes). Martinho Lutero escreve: "Então, achei-me recém-nascido e no paraíso, toda as Escrituras tinham para mim outro aspecto, perscrutava-as para ver tudo quanto ensinam sobre a justiça de Deus".
Celebrar os 500 anos da Reforma Protestante é mais que um evento em nossa agenda eclesiástica; é retornar aos seus princípios originais, assim como os reformadores voltaram à doutrina dos apóstolos, as quais eram baseadas na Palavra de Deus. É tempo de resgatar, também, o lema dos reformadores: Igreja reformada sempre se reformando.
Com informações da Igreja Presbiteriana do Brasil
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