21/02/2024
Todos os Campi

Por Luiz Eduardo Kruger

Todas as profissões passam, em algum momento de sua história, por mudanças cruciais que revolucionam para sempre a maneira como aquele ofício é exercido. A automação das linhas de montagem diminuiu significativamente a atuação humana nas fábricas, por exemplo. Arquitetos e engenheiros se renderam ao AutoCAD e o SketchUp.

É quase impossível pensar a atuação dos designers sem o Photoshop e o Illustrator. E um bancário sem uma planilha do Excel? Quem se lembra das fotografias analógicas e as revelações dos negativos? As videolocadoras foram substituídas pelos serviços de streaming. A maioria dos jovens de hoje nunca viu um DVD na vida, que dirá uma fita VHS. 

Apesar da nostalgia, é necessário refletir de que formas essas mudanças impactam a vida dos trabalhadores. Com o mundo globalizado e o avanço das tecnologias, essas transformações radicais têm se tornado cada vez mais intensas e frequentes, e o aprendizado que podemos tirar disso é que nenhuma atividade é estática. As profissões se adequam ao seu tempo e às novidades que surgem, e esse também é o caso da Publicidade e Propaganda.  

Muito se tem falado a atuação das inteligências artificiais (IAs) generativas como a nova panaceia do campo da comunicação. Com capacidade cada vez mais avançada de gerar textos, imagens e sons, e com um banco de dados que tende ao infinito, as IAs têm ganhado protagonismo na criação publicitária.  

Seja na criação de textos ou até mesmo na geração de imagens, o mercado publicitário talvez seja o setor que primeira e mais profundamente tenha se apropriado dessa nova tecnologia. E como as IAs se utilizam de machine learning, quanto mais é utilizada, melhor e mais precisa ela fica. 

A utilização de IAs na publicidade já não é mais um horizonte possível, mas uma realidade dada. Uma coisa é certa, já passamos do ponto de não-retorno. Acreditar que as IAs é algo passageiro ou um modismo é como achar que as máquinas de escrever teriam sobrevida ao computador.  

No entanto, é necessário pontuar que as IAs não criam conceitos de campanha, tampouco resolvem todos os problemas dos clientes. As IAs não são capazes de superar a criatividade humana e a sensibilidade das relações sociais. Bons publicitários não podem ser substituídos por nenhum tipo de inteligência artificial. 

Os melhores resultados das IAs são obtidos quando os comandos certos são inseridos. E quem insere esses comandos? Não adianta esperar que as IAs irão magicamente criar campanhas completas, originais e que cumpram os objetivos das organizações. Isso ainda é prerrogativa de profissionais da comunicação competentes.

O que está diante de nós é, portanto, uma mudança do perfil do publicitário. As IAs farão a execução do grosso do trabalho repetitivo, liberando mais tempo para o publicitário atuar no trabalho criativo. As IAs são uma ferramenta de trabalho e não a nova configuração da profissão. 

Por isso, é essencial que profissionais que queiram atuar com publicidade busquem qualificação universitária. Somente a formação superior é capaz de fornecer a visão estratégica e o pensamento crítico que dão condições aos profissionais de acompanharem as transformações tecnológicas. Quem não se qualifica está sujeito a se tornar obsoleto e a não resistir à prova do tempo.

Luiz Eduardo Kruger - Jornalista e Professor. Mestre em Educação Profissional e Tecnológica. Doutorando em Comunicação. Coordenador os cursos de Jornalismo, Publicidade e Propaganda e Design Gráfico da Universidade Evangélica de Goiás - UniEVANGÉLICA.