O acadêmico do 5º. Período de Enfermagem Chapu Sibo Matis, juntamente com o Prof. Dr. Marcos Flávio Portela Veras, coordenador do Núcleo de Estudos sobre Culturas e Etnodesenvolvimento (NECE) participou entre os dias 05 e 08 de dezembro, do "IV Narrativas Interculturais", evento que aconteceu na Universidade de Brasília, sob a coordenação do Grupo de Pesquisa Educação, Saberes e Decolonialidades da Faculdade de Educação da UnB.
Ele apresentou o trabalho “Novos códigos, preconceito e troca de saberes: reflexões sobre a presença indígena na universidade” relatando sua experiencia de inserção no ambiente acadêmico e os desafios de compreensão da lógica científica que difere em alguns aspectos da sua de origem.
O Narrativas é um evento acadêmico que promove o intercâmbio de saberes e práticas educativas, acadêmicas e artísticas baseadas na valorização da diversidade cultural, étnica e epistêmica dos mundos indígenas e afrodiaspóricos. Adotando metodologias participativas e dialógicas, o evento aborda uma ampla diversidade temática em sessões: Narrativas em Diálogo, Conversatórios, Oficinas, Espaço pedagógico-formativo em arte.
O Narrativas reúne convidadas/os e público diversificados: pesquisadoras/es, professoras/es do ensino superior e da educação básica, educadoras/es populares, mestras e mestres do conhecimento tradicional, artistas populares, intelectualidades negras, indígenas, quilombolas e de comunidades tradicionais, estudantes da graduação e da pós-graduação.
Chapu pertence ao grupo étnico Matis, que habita a região do Vale do Javari, município de Atalaia do Norte, estado do Amazonas. Conta com uma bolsa de estudos integral e pretende voltar para sua região para auxiliar o seu povo com sua formação em saúde.
"A participação num evento como esse é de suma importância para nossa instituição, pois demonstra o seu compromisso com a pesquisa e valorização da educação para as relações étnico-raciais. Tive a convicção que nossa instituição está no caminho certo, quando compartilhamos com outros pesquisadores do trabalho que temos realizado na UniEVANGÉLICA", explica o Prof. Dr. Marcos Flávio Portela Veras.
"O Chapu é um dos 14 alunos de vários grupos indígenas que chegaram a nossa instituição por meio de um programa especial da Reitoria, que concede bolsas de estudos para jovens indígenas, na expectativa de que retornem às suas comunidades e possam atuar com suas profissões. Temos 6 alunos que já concluíram seus cursos e retornaram para suas áreas onde atuam, especialmente na área de saúde nos estados do Amazonas e Mato Grosso. Essa experiencia de receber e acompanhar alunos indígenas tem sido muito enriquecedora, pois eles trazem uma bagagem de conhecimentos que são confrontados com a ciência e temos incentivado que eles expressem isso a comunidade acadêmica. É dentro desse pensamento que realizamos a Semana dos Povos Indígenas anualmente em abril, para que os alunos e professores conheçam o seu universo cultural, bem como seus desafios e lutas. Também temos realizado pesquisas com esses alunos focando as questões culturais de seus grupos étnicos", acrescentou.
Chapu Matis também falou sobre sua participação no evento. "Estivemos juntos com outros universitários indígenas e não indígenas de UNB e os que vierem de outros estados, e tive a oportunidade de falar como a ciência pode contribuir com os conhecimentos indígenas na área de saúde e também em outras áreas. E ouvindo vários relatos de outros universitários indígenas me identifiquei com isso, porque o desafio que eles passam nós também passamos, a luta diária que eu tenho, eles também tem. Sendo indígena universitário passamos pelos muitos desafios, e não é nada fácil mas e com isso que ganhamos vários conhecimentos e também experiências", concluiu.
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