08/12/2011
Campus Anápolis

Artigo – 8.12.2011

De Anápolis para o Brasil

Iron Junqueira

Diferente agora está o ensino nas escolas primárias. Antes era um descaso indignante. Em alguns estabelecimentos, às vezes, era uma indisciplina contínua e uma gritaria sem razão. O recreio era constituído de vinte minutos que todo mundo jurava ser de trinta, tamanha a desordem reinante. Os responsáveis pela ordem e respeito no recreio viravam às costas para as crianças e deixavam o pau quebrar. Meninos brincando de Kung Fu metiam o pé na barriga uns dos outros e a choradeira era absurda. Umas brincadeiras sem criatividade nenhuma. Criança esfolava a cara no chão e os educadores não sabiam o que fazer diante de tanto folguedo sem organização, e não adiantavam chamá-los a observar o divertimento geral. Mexer com criança não é fácil. Ensiná-las, mais difícil ainda.

Porém, do meado deste ano para cá, tudo melhorou. Pelo menos em duas escolas municipais. Vejo agora professores de Educação Física, adrede preparados pelo coordenador Jairo Teixeira, ocupando as crianças com brincadeiras construtivas e bem monitoradas, ao mesmo tempo em que as prepara física e mentalmente para o seu desenvolvimento. Trata-se de uma notável experiência procedida pela secretária municipal de educação, professora Virgínia Maria Pereira de Melo, que aglutinou jovens estagiários da UniEVANGÉLICA, para uma excelente ocupação das crianças nas escolas a ela subordinadas, na condição de estagiários. Se for uma experiência da Secretária de Educação, deu certo a parceria. Era exatamente disso que os miudinhos precisavam: de atividades físicas monitoradas, condizentes à sua idade e energia.

Essa experiência foi gloriosa e deve ser oficializada nas escolas, pois oferece mais qualidade no ensino e no comportamento das crianças. São lições saudáveis que tornam os alunos mais alegres, vivazes e completos. O espaço do recreio foi preenchido não com as truculentas e desvairadas brincadeiras improvisadas pelas crianças que se atropelavam e se machucavam entre si, por falta de orientação. Agora brincam, mas fazendo ginástica e cantando, ouvindo músicas e também dançando, com todos os seus minutos preenchidos com lazer e aprendizado, todas sob a batuta de dois educadores que as tratam com carinho e são especialistas em termos de criança.

Hoje os pequeninos fazem questão de ir à aula porque estão motivados, sabem que haverá muita diversão mesclada às aulas das professoras. Na hora da recreação, brincar organizadamente, com animações didáticas e muito exercício corporal ensinadas pelos educadores. Eles conversam com elas sem afetação nem pitiatismo. É um relacionamento do qual precisavam urgentemente. Ao invés das correrias sem direção, uma direção para suas correrias. São ocupadas plenamente na hora do recreio com informações corretas e construtivas enquanto brincam.

Diversão e educação racionais porquanto profissionais. Se se trata de experiência, deve ser oficializada. Era disso que precisavam. Senti feliz quando percebi que despertaram para a realidade da criança. Não deixar os alunos à mercê de suas improvisações que resultavam em brigas e esfolamentos. Agora não. Quem são esses jovens que hoje atuam em duas escolas do município? Estagiários do Curso de Educação Física. Pessoas preparadas para isto. Para fazerem o garoto se expandir, gastar suas energias disciplinadamente e esquecer os traumas que muitos trazem do clima familiar. A disciplina é o primeiro passo para o acerto e para a construção da paz e contra o bullying nas escolas. Esses estagiários do curso de educação física, sem o saberem, trazem até segurança aos alunos e satisfação às crianças. Porque a presença deles é a figura da fraternidade e do equilíbrio entre elas. A garotada não terá mais tempo para ficar curtindo com a criança menor nem com apontamentos sobre diferenciações físicas entre ela.

Agora sim, vai bem o estudo nas escolas primárias, porque só aprende quem acha clima nos exercícios divertidos e isto todos querem. Faz parte da infância e adolescência. Não aprende quem não acha clima para lazer. Uma coisa puxa a outra. Se aprender é brincar, deixem-nas aprender brincando. E nestas duas atividades - aprender e brincar - irão longe aprendendo mais e alegremente, não somente a ler, escrever e conhecer, mas também como se relacionar em comunidade. A inclusão dos estagiários de educação física sugere o retorno dessas aulas às escolas. Se fizeram como experiência em duas unidades e deu certo, que ela passe de Anápolis para o Brasil. E pronto.

Artigo publicado no jornal Tribuna de Anápolis – 22.10.2011